Crematório: A Lenda do Metal da Periferia de Brasília

Por Amarildo Adriano

Primeira Formação: Edilson Elesbão (GT), Alex Bestial (BX), Maciel Macedo (BT) e Branco (VC)

Formada em 1987 no Gama, periferia de Brasília, a banda Crematório teve vida breve, mas inesquecível, no cenário do metal candango. Representando a primeira geração do gênero na capital federal, a banda marcou sua história com performances incendiárias e um som que dialogava com a agressividade do metal alemão e a consciência política do hardcore Finlandês.

Mesmo sendo uma banda periférica, Crematório foi a primeira do Gama a conquistar notoriedade em Brasília, abrindo caminho e influenciando outras bandas do underground. Entre 1988 e 1991, lançaram três demo tapes que se tornaram verdadeiros clássicos do metal nacional: RMD (Religião, Morte e Destruição) (1988), Demo 1990 e O Último Tormento (1991). Todas as músicas eram cantadas em português, algo raro na época, o que reforçava o impacto de suas letras críticas e politizadas.

A Ascensão e o Fim Prematuro
O Crematório evoluiu do Death/thrash metal inicial para o crossover, tornando-se um dos pioneiros no estilo no Brasil. Esse subgênero, que mistura a brutalidade do metal com a energia do hardcore, refletia a urgência da banda em se posicionar diante de questões sociais. Suas apresentações, carregadas de energia e atitude, conquistaram uma legião de fãs dentro e fora do Distrito Federal.

O reconhecimento nacional veio rápido, e as demos circulavam intensamente na cena underground, mesmo em uma época de recursos escassos. Gravadoras começaram a notar o potencial da banda, culminando em uma proposta de contrato com a gravadora francesa Maggot Records em 1991. No entanto, a história da banda teve um desfecho abrupto: naquele mesmo ano, o Crematório encerrou suas atividades, deixando um legado que ecoa até hoje.

Um Movimento em Construção
Quando o Crematório surgiu, o movimento underground de Brasília ainda dava seus primeiros passos. Shows eram raros, a infraestrutura para bandas independentes era precária, e gravar um material de qualidade era quase uma missão impossível. Ainda assim, o Crematório superou essas adversidades, registrando seu som em fitas que se tornaram relíquias para os fãs de metal.

Hoje, a banda é lembrada como um marco da cena brasiliense, inspirando gerações de músicos a explorar os limites do metal e do hardcore. O Crematório é um símbolo de resistência e criatividade, provando que a periferia tem voz, força e história no cenário cultural brasileiro.

Uma Lenda do Underground

O Crematório não foi apenas uma banda; foi um movimento. Em uma época em que poucos acreditavam no potencial do metal periférico, eles mostraram que a paixão pela música pode romper barreiras geográficas e sociais. Apesar de sua curta trajetória, sua contribuição para o metal candango permanece viva, sendo celebrada por fãs e historiadores da cena underground.

Seu legado é um lembrete de que o espírito do metal, marcado pela rebeldia e autenticidade, pode surgir em qualquer canto, até mesmo onde as oportunidades são mais escassas. E para quem viveu a era do Crematório, uma coisa é certa: a chama dessa banda jamais será apagada.

Fanzine: Martírio Underground 1989

Conheça um pouco da tragetória da banda

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