Por: Amarildo Adriano
Formada em Brasília no final dos anos 80, mais precisamente em 1988, a banda Flammea se destacou rapidamente no cenário do metal brasileiro. Composta exclusivamente por mulheres, a banda não só quebrou barreiras de gênero em um espaço tradicionalmente dominado por homens, mas também chamou atenção pela qualidade musical, mesclando de forma única elementos de Hard Rock, Heavy Metal e Thrash Metal.
A Flammea nasceu das cinzas da banda Post Mortem, um grupo de Death Metal também de Brasília. A transição para uma nova proposta foi liderada pela baterista Ana Lima, que buscava inovar ao unir o Hard Rock, estilo frequentemente associado a bandas femininas da época. O resultado foi um som enérgico e agressivo, claramente inspirado no Thrash Metal da Bay Area, com influências de bandas como Testament, Anthrax, Exodus e Heathen.
Uma Carreira Promissora e Desafios
Entre 1990 e 1993, o quinteto, que ocasionalmente se tornava um sexteto, gravou cinco demos tapes e lançou três materiais oficiais: “Hell is Here” (1989), “Dark Brain” (1990) e “First Scream” (1993). Esses lançamentos consolidaram o nome da banda no underground brasileiro, e a Flammea chegou a se mudar para São Paulo nos anos 90 em busca de ampliar sua carreira.
Em São Paulo, a banda encontrou um cenário competitivo e cheio de oportunidades, mas também enfrentou desafios. Apesar do talento inegável e do entusiasmo inicial, mudanças constantes na formação começaram a minar a estabilidade do grupo, dificultando a continuidade de seus projetos. Após alguns anos de atividade intensa, a Flammea retornou para Brasília e ensaiou um novo começo, mas as adversidades internas impediram que a banda lançasse material inédito.
Além dos materiais oficiais, a banda também lançou um split álbum ao lado da icônica Volkana, outra banda importante da cena metal feminina no Brasil. Porém, em 1994, a Flammea encerrou oficialmente suas atividades devido a problemas internos, deixando um legado que ainda ecoa no cenário metal.
Retornos e Repercussão
Após um hiato de mais de uma década, a banda fez uma breve reunião em 2010 para uma apresentação especial, relembrando a força e o impacto que tiveram na cena. Em 2015, novos sinais de retorno surgiram com a positiva repercussão do relançamento remasterizado de seus álbuns “Dark Brain” e “First Scream”, em uma coletânea intitulada “A História da Flammea”, lançada pela Rock Brigade Records.
Este relançamento reacendeu o interesse pela banda, destacando a importância histórica do Flammea como uma das pioneiras no metal feminino brasileiro. Apesar de não haverem novos lançamentos desde então, a banda continua a ser lembrada como um símbolo de resistência e criatividade na cena underground.
O Legado da Flammea
O Flammea é mais do que uma banda; é uma parte essencial da história do metal candango. Em uma época em que poucas mulheres eram vistas nas linhas de frente do rock e metal, elas abriram caminho com coragem e talento. Mesmo com as dificuldades enfrentadas ao longo da trajetória, sua música e sua mensagem permanecem vivas, inspirando novas gerações de músicos e fãs.
Seja pelos riffs cortantes ou pela força de quebrar barreiras, a Flammea provou que o metal é um território para todos. Seu legado é um lembrete poderoso de que, com paixão e determinação, é possível transformar o cenário musical e cultural.