Volkana: As Origens e o Legado de um Ícone do Metal Brasileiro!
Por: Amarildo Adriano
A trajetória da Volkana começou de forma inusitada, com um nome e uma formação que acabaram não se consolidando. Inicialmente, a banda se chamaria Autópsia e seria composta apenas por mulheres, incluindo Mila, Karla, e Syang, que seria a guitarrista. No entanto, mudanças nos planos levaram à criação da Volkana. “A Syang casou com o Ronan, do P.U.S., e foi tocar com ele. Então nasceu a Volkana, já com Débora Darwich na bateria, eu no vocal e a Karla assumindo a guitarra”, relembra Marielle Loyola, vocalista do grupo. Apesar de boatos de rivalidade com a banda Flammea, Marielle desmente, dizendo que cada uma seguiu o estilo musical que mais gostava, formando cenas distintas dentro do metal e rock brasileiro.
A Primeira Demo e o Estúdio Zen
A estreia da Volkana no cenário aconteceu em 1989 com a demo tape “Thrash Flowers”, gravada no Zen Estúdios, em Brasília. A gravação marcou o início de uma trajetória promissora. Marielle e Débora se dedicaram integralmente à banda, deixando seus antigos projetos — Arte no Escuro e Detrito Federal, respectivamente. Essa dedicação chamou a atenção da gravadora Eldorado, que já tinha em seu elenco nomes como Sepultura, Ratos de Porão e Viper.
A história de como a Volkana conseguiu o contrato com a Eldorado é quase lendária. “Mandamos uma fita para o João Gordo e o Max [Cavalera], e eles disseram: ‘Apareçam aqui que levamos vocês na gravadora’. Acho que não acreditaram que iríamos. Mas fomos mesmo, sem dinheiro nem para voltar!”, conta Marielle. O entusiasmo das integrantes impressionou os diretores, que gostaram da demo e decidiram contratá-las, mesmo descobrindo que a banda tinha apenas três músicas prontas.
O Impacto de “First”
O álbum de estreia, “First” (1990), foi gravado no Estúdio Eldorado, em São Paulo, com produção de Carlos Eduardo Miranda. Misturando thrash e punk, o disco trouxe uma sonoridade única que rapidamente conquistou o público. Além das influências tradicionais do metal, “First” surpreendeu ao incluir uma colaboração inusitada com os rappers Thaíde e DJ Hum na faixa “Scratch Noise/War: Where My Enemy Lie”. Essa parceria entre rap e metal era algo praticamente impensável na época, demonstrando a ousadia e criatividade da banda.
Mudanças e o Declínio
Antes do lançamento do segundo álbum, “Mindtrips” (1994), Marielle deixou a banda devido a problemas pessoais, incluindo a perda de seu irmão, que marcou profundamente sua vida. “Acredito que tudo acontece por uma razão. Tive que voltar a Curitiba por questões familiares”, conta. Sem sua vocalista original, a banda enfrentou dificuldades e, dois anos depois, encerrou oficialmente suas atividades.
Legado e Retorno
Apesar de sua curta trajetória, a Volkana deixou uma marca indelével na história do heavy metal brasileiro. Suas músicas, marcadas por peso e atitude, continuam sendo referência para novos artistas. O retorno da banda, décadas depois, celebra esse legado, mostrando que o espírito do metal e a força criativa da Volkana permanecem vivos.
Hoje, a Volkana ensaia uma volta mas sem nada muito bem definido, mas elas são lembradas não apenas como uma banda pioneira no thrash metal nacional, mas também como um símbolo de resistência e inovação dentro do cenário underground brasileiro.