ANIVERSÁRIO HOCUS POCUS – GOIÂNIA/GO

Por Thiago “Barbosa Osvaldo”

A comemoração do aniversário da veterana loja Hocus Pocus já é um clássico na cena underground de Goiânia. 33 anos de existência e resistência, segue na luta para se manter na ativa distribuindo e vendendo material físico sejam discos de vinil, CDs, K7s e principalmente material impresso como livros, revistas e fanzines. O povo envolvido com a contra cultura alternativa da cidade reconhece e deve sempre valorizar a importância dessa loja.

Recebemos o convite para uma aparição do Possuído pelo Cão no Goiás. A banda devia essa pro Júlio, nosso baterista, já fazia uma cota. Júlio sempre esteve disponível para esses shows de aparições do PPC, vindo à Brasília para ensaiar e até mesmo nos encontrar para viajar quando rolava algum show. Grande oportunidade que não poderíamos perder, show de graça, local aberto, na rua, pro povo!

Saí 8h23 de casa, no sábado 26/04, inclusive deixando de ir à comemoração dos 78 anos de Dona Isabel, minha querida mãe. Como já havia feito o compromisso, segui com a missão. Chamei uns amigos para ir junto nesse bate volta. O Marcel e o Lauro toparam. Viagem tranquila, trocando ideia, parada sem pressa pra tomar um café da manhã na estrada. Chegamos em Goiânia 11h50, direto no estúdio onde rolaria o único ensaio do Possuído para os prováveis 3 shows deste ano. Fui o primeiro a chegar. Logo apareceram o Tulio Swanker e o Lucca Novato, acompanhados do Júlio Goianelson. Poney Ramos mandou mensagem 11h da manhã, e todos entendemos que ainda estava em casa. O safado dificilmente conseguiria aparecer no ensaio.

Marcel deu o apoio no vocal e assim ensaiamos, naquela sintonia harmoniosa que temos tocando essas músicas, incluindo 2 novos covers, onde cada um se virou em casa pra aprender e ensaiar apenas uma vez, e tocar na sequência. Deu certo! Excelente estúdio. O dono de lá um tanto sistemático.

Poney chegou um pouco depois de 13h, e deu tempo de passar quase o set list completo. E que set list! Não é por nada não, mas tá caprichado. Muitas homenagens às nossas grandes influências estão ali. Após o ensaio, tiramos umas fotos do Possuído pelo Cão 2025 ali na área do estúdio. Guardamos as coisas no meu carro. Os caras foram a pé procurar um lugar pra almoçar e eu fui visitar meu pai, Sr. Cícero Rosa, que mora cerca de 10 min do local que eu estava. Foi massa esse encontro. Dona Sônia, sua esposa, me arrumou um almoço delicioso e fiquei uma horinha ali com eles. Depois rumei pra rua da Hocus Pocus. Meu pai veio junto, no carro dele. Chegando lá, uma multidão na rua. Por conta de uma poda nas árvores da espécie barriguda, a rua estava fechada para veículos, o que caiu como uma luva pro evento, e as pessoas poderiam circular com muito mais espaço. Tinha muita gente. Devido aos compromissos, perdi os shows das bandas Agnoizze e Nosso Ódio. Encostei o carro pra descer os instrumentos e já avistei o Tiago Slake e o Bené, que já ajudaram a guardar a bagulhada. Tava um ambiente muito legal, as pessoas curtindo o evento, bebidas e cigarros sendo consumidos. Um casal de punks chapados dormia bem em frente ao local onde o Ímpeto já se arrumava para tocar, sendo vigiados por seu cão de guarda. Vários amigos e conhecidos presentes: Didi ex Ímpeto, Glauco Mingau, Wilton Desastre junto de seus pequenos filhos, Segundo, Afonsinho, Bruno Tirei Zero, Pedrinho Cigarro, Lucas do Lascados (esse veio de Anápolis), Vitinho, Caverna, Deivid, Israel, Marcelo, Guilherme e Paula. Fora os amigos e amigas de Brasília: Hery, Caio Bahia, Elisa, Luana, MC, Tati, e os comparsas do Low Life (Dudu, Mikuim e Sugão). Sr. Cícero Rosa ficou ali por um bom tempo, onde foi bem recebido e trocava ideia com a galera. Esse evento também era para ajudar no tratamento de nossa amiga Ana Carolina, e ela estava lá cuidando de uma banquinha vendendo material e curtindo os shows. Muita saúde para a Carol!

Os amigos do Ímpeto estavam empolgados e fizeram um show gigante. Esses são parceiros de longa data. O tempo ia passando, uma nuvem negra pairou em cima da igreja e ameaçava chover. Se chovesse provavelmente daria merda. Uma pequena tenda protegia os equipamentos de som, montados no chão da calçada.

Quando o Low Life se preparava para tocar, DJ Catioro presente pra lançar suas vinhetas e intervenções, senti uns pingos nas minhas costas. Show insano, ursinhos de pelúcia sendo despedaçados, rockeirada doida no mosh sendo atiçadados pelo Dudu. Fumaça verde no ar para animar e o DJ Catioro lembrar do seu verdão. Aquele lombra Return to Forever já tá virando um clássico no show desses malandros, com Dudu operando seu sintetizador em sintonia com seus capangas do planalto central. Fritaram tanto no som, que as caixas PAs começaram a sair fumaça de verdade, fazendo subir o cheiro de componente eletrônico queimado no ar. O técnico de som que mais parecia o He-man do Vila Nova, verificava seus equipamentos para ver se daria continuidade no evento.

Com os PAs fritando, e um amplificador de guitarra ruim da porra de regular, rapidamente, já com o tempo apertado, Bacural nos entrega a encomenda. Fumaça vermelha na direção da igreja. HABEMUS POSSUÍDO PELO CÃO!
A marcha do cão invoca os rockeiros mais doidos da cidade para o ritual de loucura e insanidade. As caixas de som resistiam como podiam, o cheiro de queimado seguia forte. Tava uma energia muito doida, corpos se esbarrando e tropeçando na calçada, sem nenhum incidente de violência e desrespeito. Os novos covers do Bad Brains e Suicidalendencies estrearam muito bem no set list. Tocar com essa banda é um momento especial para nós. Sabemos disso e precisamos manter dessa forma.

Show acabou cedo, como era o previsto, sem problemas e as pessoas poderiam seguir a noite para onde quisessem. Ainda distribuí uns posters do Possuído pelo Cão para alguns felizardos. Após, nos encontramos num bar bem legal da cidade, onde tem uma pista de skate muito fera. Era um momento de celebração com os amigos e amigas. Eu e o Marcel voltamos na sequência. Cansados, porém com uma sensação muito boa que o nosso underground nos proporciona. Valeu a pena.

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